7 de abril de 2009

Entrevista J.Vasconcelos

Para finalizar o assunto Igreja e mídia, o Profº Vasconcelos nos concedeu uma entrevista sobre o tema.

Um pouco mais sobre o Profº

J. Vasconcelos é professor, filósofo, pesquisador e publicista; pós-graduado em Direito Constitucional, Socialismo e Democracia, em Hamburgo, Alemanha, com cursos na Sorbonne, Paris, sobre História Natural do Homem. Tem desenvolvido pesquisas sobre a produção de idéias em prosseguimento aos estudos de Locke e Stuart (obra: Como a mente humana produz idéias), promovido cursos e proferido palestras em universidades de todo o país. Democracia no terceiro milênio (Editora Nobel) é um de seus livros de maior destaque.
A Entrevista
1. A Igreja se utilizava da imprensa como meio de expressar suas idéias, o senhor acredita que o atual cenário mudou?

Não. A Igreja sempre quando pode se utiliza da imprensa para apregoar suas crenças. Aliás, a Igreja como mãe da Propaganda (Foi ela que a criou) segue o seu projeto. É fato que outras religiões têm usado mais intensamente a imprensa, através dos canais de televisão, de jornais próprios, etc.
2. Qual foi o principal papel do jornalismo de serviços para a sociedade ao longo da história?

O jornalismo de serviço tem sido muito útil aos cidadãos. Muitos foram os seus louváveis gestos, especialmente nos casos de tragédias sociais e ambientais. Difícil citar os mais importantes. Não me recordo no momento.
Todavia o jornalismo de serviço tem se circunscrito a casos de utilidade.
Acredito que o jornalismo de serviço poderia abranger uma função mais nobre e essencial à sociedade.
Seria aquele dedicado a informar diariamente aos cidadãos a gestão administrativa, legislativa e judiciária.
Os jornais deveriam dispor uma pagina inteira a informar aos cidadãos a cada dia sobre o andamento de obras em beneficio da sociedade. A imprensa assim prestaria um maior serviço do que dedicar pagina e mais paginas sobre crimes e futilidades.
Por exemplo: A página dedicaria campos ao transporte, à saúde, à segurança, ao ambiente, etc. Todo dia, o jornalismo de serviço informaria aos cidadãos, o andamento de obras do metrô, de saneamento, etc., mesmo que fosse para relatar que a escavação atingiu a rua tal; não importa, sempre relatar qualquer andamento de obras em beneficio da comunidade, e asim seguiria sobre plantação de arvores, equipamento em certo posto de saúde, etc.
3.O senhor acredita que os interesses comerciais influenciaram o papel do jornalismo durante a história? Se influenciou, cite um fato importante.

Sem dúvida.
Todavia precisamos diferenciar interesses comerciais privados e interesses comerciais públicos.
A influência dos interesses comerciais privados tem uma área restrita, abrangendo produtos e formas de consumo. Por exemplo, a indústria do fumo pode influir na permissibilidade do uso do cigarro em certos ambientes e o faz pela propaganda e outros meios, como doações a certos órgãos influentes na imprensa.
A influência dos interesses comerciais públicos é muito maior, atingindo uma multiplicidade de coisas, como leis, mercados, partidos políticos, etc.
Os veículos de comunicação dependem de patrocínios comerciais e estes podem provir de empresas e entidades estatais. Geralmente as empresas comerciais estatais são verdadeiros impérios, como o caso da Petrobras, o Banco do Brasil. Os patrocínios das mesmas são bastante pesados. O órgão de imprensa que se indispuser com o governo por causa de divulgação de noticias desfavoráveis pode perder tais patrocínios, significando prejuízos imensos e irreparáveis.
Isso equivale a dizer que a imprensa não é livre e fica à mercê do jogo que o governo fizer.
Na verdade, o uso de propaganda por estatais é desnecessário. Caberia apenas um jornalismo de serviço informando sobre utilidades e isto poderia ser feito sem características de propaganda.
4.Qual a mudança do jornalismo de serviços em uma época onde não havia liberdade de imprensa por exemplo durante o governo militar de 1964 a 1985 para hoje onde se há ao menos um suposto livre arbítrio de escrever?
Desconheço qualquer grande mudança a respeito.

Um comentário:

  1. Gostei muito da entrevista. Achei que os pontos principais para compreender o papel que possui o jornalismo, não só na sociedade de hoje, como durante toda a história da propaganda ficaram muito claros. Grande parte disso deve-se às perguntas que foram muito pertinentes.
    Espero ler outras entrevistas como essa.

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